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STJ

Cenário atual pede advogado "multidisciplinar", dizem sócias do Levy & Salomão Advogados

Estratégia jurídica deve avaliar aspectos criminais, administrativos e de direito internacional

Bárbara Mengardo
29/12/2015|19:28
Atualizado em 29/12/2015 às 18:28
Cade
Ana Paula Martinez, sócia Levy e Salomão

O turbilhão de acontecimentos de 2015 não deixou de fora o escritório Levy & Salomão Advogados, que fechou o ano responsável pelos milionários acordos de leniência firmados pela Camargo Corrêa com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Ministério Público Federal, em decorrência da Operação Lava Jato.

Com crescimento registrado em 2015, a área de Concorrencial e Anticorrupção e Compliance ainda deve ter destaque nos próximos, segundo expectativas do escritório.

"A ruptura ocorrida em 2015 foi um marco na prestação de serviços jurídicos no país nessa área e tende a ter reflexos importantes ainda nos próximos dois anos", afirmam as sócias da banca Ana Paula Martinez e Angela Di Franco.

Para as advogadas, o contexto atual requer um advogado “multidisciplinar”, que seja capaz “de estabelecer uma estratégia considerando aspectos criminais, administrativos e de direito internacional”.

+JOTA: Como os principais escritórios de advocacia  enfrentaram o duro ano de 2015

Além do sucesso em acordos de leniência firmados no âmbito da Lava Jato, o Levy & Salomão saiu vitorioso em um notório caso envolvendo arbitragem ocorrido em 2015. A banca representou a Morzan, holding de propriedade da brasileira Lily Safra, em uma disputa de mais de US$ 100 milhões com o Grupo Pão de Açúcar, julgado pela Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI).

Dentre as derrotas de 2015, a banca destaca a decisão da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que entendeu tributáveis pelo PIS e Cofins os Juros Sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração a acionistas. O Levy & Salomão Advogados representa a Ipiranga no caso, e estuda recorrer à Corte Especial do tribunal.

Leia abaixo as respostas encaminhadas pelo escritório ao JOTA:

Quais áreas registraram crescimento e garantiram faturamento em 2015?

Em comparação a 2014, as áreas do escritório que registraram o maior crescimento foram as de Concorrencial e de Anticorrupção e Compliance.

Quais áreas tiveram retração em 2015?

Áreas que dependem mais do pleno funcionamento da economia foram as que apresentaram crescimento menor.

Quais as grandes vitórias da banca em 2015?

A decisão da Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI) a favor da Morzan, holding de propriedade da brasileira Lily Safra representada por Levy & Salomão, em disputa de mais de US$ 100 milhões com o Grupo Pão de Açúcar.

Os Acordos de Leniência assinados pela Camargo Corrêa, representada por Levy & Salomão, com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e o Ministério Público no âmbito das investigações da Operação Lava Jato.

A aprovação em tempo recorde para casos com restrições estruturais da fusão das cimenteiras Lafarge e Holcim – 96 dias, ante uma média de 238 para esses casos. Levy & Salomão representa a Lafarge no Brasil.

E quais as derrotas mais sentidas?

A decisão da 1º Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que entendeu que os juros sobre capital próprio (JCP) devem ser tributados pelo PIS e Cofins. O processo analisado foi apresentado pela Refinaria de Petróleo Ipiranga, representada por Levy & Salomão. O escritório estuda recorrer à Corte Especial, com base em decisão da 2ª Seção citada pela ministra Regina Helena Costa, vencida na discussão. A 2ª Seção analisou os juros sobre capital próprio pelo viés societário, equiparando-os aos dividendos. Além disso, o escritório considerará também se é o caso de levar a ao Supremo Tribunal Federal (STF), com a alegação de violação à hierarquia das leis.

Qual a maior frustração de 2015? O que esperavam que aconteceria este ano que na prática não se concretizou?

Aguardávamos uma melhora da economia brasileira.

 

Angela Di Franco, sócia do Levy e Salomão Angela Di Franco, sócia do escritório

 

A paralisação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) durante praticamente todo o ano afetou o escritório?

A paralisação prejudicou a conclusão de processos importantes para os clientes, mas não o escritório, em razão de demanda expressiva de clientes nas ações judiciais que patrocina.

O escritório aposta em quais áreas para crescer em 2016?

Especialmente nas áreas de Financiamento de Projetos, Recuperação Judicial e na continuidade do crescimento das áreas Concorrencial e Anticorrupção e Compliance.

Quais as perspectivas para o mercado de advocacia para 2016 em um contexto de tanta instabilidade política e econômica?

Momentos de crise aumentam as oportunidades comerciais e também litígios, gerando demanda por serviços jurídicos de qualidade.

A atuação da Justiça em relação a companhias, como visto na Lava Jato e na Zelotes, abre espaço para um trabalho diferenciado de advogado?

Sim, o contexto atual requer um advogado com formação multidisciplinar, capaz de estabelecer uma estratégia considerando aspectos criminais, administrativos e de direito internacional.

Qual as perspectivas do escritório sobre o Judiciário em 2016?

Aguardamos a posição do Judiciário sobre algumas lacunas do Novo Código de Processo Civil, que entrará em vigor em março de 2016.

Se 2015 foi o ano da lei anticorrupção, que lei será o destaque no ano que vem?

A Lei Anticorrupção continuará em destaque no próximo ano – a ruptura ocorrida em 2015 foi um marco na prestação de serviços jurídicos no país nessa área e tende a ter reflexos importantes ainda nos próximos dois anos. Além dela, o Novo Código de Processo Civil também estará em destaque.

 

Raio X do Levy & Salomão:
Clientes – em torno de 800
Sócios – 16
Advogados – 45logo-jota